quarta-feira, 3 de julho de 2013

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No meu post número 100, completando um ano de bolsa, segue uma mera curiosidade (ou não).

Inspirado nesta notícia antiga, resolvi fazer alguns cálculos:


Quanto temos que valorizar para voltarmos ao TH de 2008?

Em verdade, desde então, a inflação foi de 28 ou 29%.

Significa que aqueles 73.000 de 2008 são cerca de 94.000.

Hoje a bolsa lambeu inacreditáveis 44.700. (Enquanto escrevo, está se recuperando um pouco)

Ou seja, para voltar ao TH de 2008, teria que se valorizar mais de 100%. Salvo engano, cerca de 110%.

Isso sem contar que, desde então, o PIB per capita brasileiro cresceu cerca de 10%.

Aplicando-se a ""precificação"" disso - ao menos do P/L, afinal, pode-se fingir que os "lucros per capta" cresceram 10% no período -, tem-se um TH de cerca de 103.000. Precisando-se de uma valorização de 130% pra chegar nisso. Olha só o momento da nossa bolsa!

Outro fator que deixa tudo isso mais estranho. A Selic tem caído bruscamente desde 2008, o que deveria ser muito bom para o mercado acionário. Está certo que parte dessa migração RF para RV - inclusive de planos de previdências - certamente já ocorreu de 2003 a 2008. Entretanto, esse período, bom para a bolsa, também conteve juros (RF) atrativos. 

Agora, com a renda fixa mal cobrindo a inflação (antigamente batia esta em 9%), a bolsa poderia estar bem melhor. Pode ser que, ao primeiro sinal tímido de retomada de  crescimento razoável, o mercado acionário dispare. Não sei se isso será em 2013, 2014 ou mesmo 2020, mas é bem possível que aconteça um daqueles "anos tipo 2003" ou outros.

Por que essa diferença toda entre momento 2008 e momento atual? Simples. Otimismo e Pessimismo.

Início de 2008, não havia crise internacional (só sinais e receios) nem nacional. As pessoas falavam em crescimento anual de, no mínimo, 4% ou 5% para os próximos anos. Hoje, o clima é outro e há quem ache que os próximos anos serão de crescimento talvez até menor que a atual média de cerca de 3% (meio de 2008 pra meio de 2013).

Estar mais de 100% distante do TH de 2008 mostra, a meu ver, que o mercado está esperando um período de anos de vacas magras que pode muito bem não ser tão ruim assim. Alguns devem estar apostando inclusive em estagflação por um certo tempo.

Agora parece óbvio dizer que maio de 2008 foi um mês/momento de otimismo excessivo. A desafiadora pergunta que devemos fazer é: a despeito de tudo que realmente está ruim - é inegável que esteja -, estamos vivendo um excesso de pessimismo? Já estamos descolados demais das taxas médias de crescimento?

Essa análise que fiz não é um "sim" a essa pergunta. Afinal, se eu tivesse certeza, seria só alavancar e ficar rico. Contudo, somada à análise que fiz na avaliação do mês de junho, representa no mínimo uma "pulga atrás da orelha". 

Geralmente desconfio de análises que me beneficiam (como essa), mas é interessante não ver só coisa ruim quando se está no fundo do poço ou similar. A intenção foi "limpar" um pouco os efeitos da inflação. Ademais, pode ser bem lucrativo.

Parênteses: não satisfeito, fiz outro cálculo. Agora voltamos quinze anos no tempo. Julho de 1998. A Rússia já preocupa e declararia moratória no mês seguinte. Momento pessimista se inicia. Inflação  acumulada julho de 1998 a 2013 é de aproximadamente 100%. O PIB per capita cresceu mais ou menos isso também, 100%. A bolsa estava nos 10.000 pontos (no auge do pessimismo bateu 4.760). Botando 200% nos 10.000, fica 30.000 pontos. Vamos cair mais então? Não creio, pois não foi só o crescimento da economia que deixou os "20 ou 30 mil pra trás", melhoramos os "fundamentos" desde então.

(uma dúvida matemática que tive é se seria o "dobro do dobro" ou o "dobro mais o dobro", nessa conjugação crescimento econômico e inflação)

A.

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